quinta-feira, 19 de abril de 2012

Avery Samael's Oak Aged Ale

A Avery Brewing Company de Boulder, estado de Colorado, é uma das mais conhecidas cervejarias artesanais nos EUA e ja passou aqui no blog em algumas ocasiões.


A cerveja deste post,  Samael's Ale, faz parte da linha "Demons of Ale", na qual entram apenas cervejas extremas e altamente alcoolicas. Além dela também fazem parte a "Mephistopheles Stout" e a "The Beast Grand Cru Ale".
A temática, como o nome sugere, faz referencia a demonios e os rótulos e a apresentação são bem legais, todas elas vindo no formato de garrafa de 355 ml.


Samael, de acordo com a crença judaica, era o anjo da morte / demonio e chefe do quinto paraíso, um dos sete regentes do mundo e líder de 2 milhões de anjos.

Samael, o demonio que inspirou o nome da cerveja

Ela é uma English Strong Ale / Barley Wine bem maltada que tem maturação em barris de carvalho. Seus maltes são o 2 row pale e o crystal 150, lupulos Fuggels e Columbus (segundo a Avery essa é a cerveja menos lupulada de seu portfolio), OG impressionante de 1140, 14.5% de alcool (ambas variando de ano a ano) e 41 IBUs.



Lote 07, ano 2011.

Coloração caramelo amarronzada, bem turva, com alguns raios avermelhados. O colarinho é beige com persistência moderada e retenção quase zero, o que é apropriado para o estilo.

O aroma é absurdamente intenso e sensacional: muitas notas de baunilha e madeira/carvalho, malte caramelo, melaço, candy sugar, uva-passa, castanhas torradas e discretas frutas vermelhas. O Alcool também vem a tona principalmente com o aumento da temperatura, mas nada muito forte considerando o  alto teor.

Sabor começa bem maltado e doce com candy sugar queimado, melaço e caramelo, terminando com notas amadeiradas e bastante alcool perceptível. O aftertaste é longo, doce e alcoolico, com notas de madeira/baunilha e malte caramelo.

Corpo extremamente alto com carbonatação media a alta, talvez até demais para o estilo porém bem vinda para conter a percepção do teor alcoolico abusivo.

No geral, como dizem nos EUA ela é uma cerveja GRANDE (Big beer - bem pesada e alcoolica). Aparência e o aroma quase perfeitos, perdeu pontos no sabor que é dominado pelo alcool e agressivo demais no palato e garganta. Ainda assim é uma belíssima cerveja com notas de madeira e baunilha que fazem a diferença, e uma ótima pedida pelo seu preço. Ideal para tomar como se fosse um liquor, em dias mais frios.

Teor Alcoolico: 15,3%
Preço: 9 dolares na loja.



Notas:


Aparência: 9/10
Aroma: 9/10
Sabor: 7/10
Sensação: 7/10
Conjunto: 8/10


Total: 8.0

terça-feira, 10 de abril de 2012

Epic Brewing Brainless on Peaches




A cervejaria Epic (http://www.epicbrewing.com/home?layout=item) fica na conservadora cidade de Salt Lake City, Utah (a maior parte do estado segue a religião Mormon) e produz estilos inventivos e revolucionarios que fariam inveja a qualquer cervejaria brasileira.
Após a queda em 2008 da lei estadual que não permitia a produção e comercialização de cervejas com alto teor alcoolico, os sócios David Cole e Peter Erickson se uniram ao mestre-cervejeiro Kevin Crompton e fundaram a compania que hoje é uma das mais premiadas micro-cervejarias daquela região.

Em seu portfolio, a Epic conta com 6 cervejas mais basicas, pertencentes a "classic series" - Amber Ale, Pale Ale, IPA, Trigo, Porter e uma Lager; e 4 cervejas maiores, pertencentes a "elevated series"- Stout, Strong Golden Ale, Imperial IPA e uma Pale Ale mais pesada.

As 10 cervejas "de linha" - foto: utahstories.com

Além dessas, possui a "exponential series" que conta com cervejas sazonais e mais inventivas, feitas portanto em quantidade menor.


É justamente dessa série de cervejas "inventivas" que vem a Brainless on Peaches que é uma versão de sua Strong Golden Ale (chamada de Brainless) com adição de puré organico de pêssego e envelhecida em barris de madeira previamente usados na maturação de vinho chardonnay francês. Essa cerveja foi recentemente premiada com a medalha de prata na categoria Fruit Beer no ultimo Great American Beer Festival (GABF) que ocorreu em setembro de 2011. Além dessa versão com pêssego, também é produzida a versão com cerejas (Brainless on Cherries).

Esta garrafa veio da leva de numero 5, produzida em 6 de junho de 2011 e engarrafada em 15 de setembro de 2011 (provavelmente da mesma leva ganhadora da medalha de prata).




Os maltes usados foram o Pilsen, Maris Otter (pale ale) e Carapils, bem como aveia em flocos e candy sugar. Lupulos Tettnang, Saaz e Premient. O conjunto foi refermentado com levedura de champagne após a adição do puré organico de pêssego.


Coloração amarelo forte e totalmente turva. Forma abundante espuma esbranquiçada que persiste na superfície por bastante tempo, deixando marcas de retenção nas laterais da taça.

Aroma potente e dominado por frutas, principalmente pêssego, manga, damasco e uva vermelha. Um pouco de pão/biscoito dos maltes pode ser sentido ao fundo. Não detecto nada de lúpulo no aroma.

Sabor inicial de malte (de novo pão e cereais) que é logo sobrepujado por notas frutadas tanto provenientes dos esteres da fermentação (limão, frutas vermelhas) quanto da própria adição de frutas - no caso o pêssego. Ha também algumas notas meio funky que não chegam a ser azedas. Finaliza condimentada com um leve amargor. Apesar de ser relativamente seca, ainda nota-se dulçor residual ao final do gole e no aftertaste.

Seu corpo é moderado a pesado e a alta carbonatação aliada ao dulçor ajudam a mascarar um pouco o alcool e favorecem o seu drinkability.

Ótima cerveja da Epic. A inserção da fruta combinou bem com as notas de fermento e não ficou artificial.

Teor Alcoolico: 10.5%
Preço: US$ 10.00


Notas:


Aparência: 9/10
Aroma: 9/10
Sabor: 8/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 8/10


Total: 8.4

quarta-feira, 28 de março de 2012

Abita Brewing Company



Pra quem um dia estiver viajando pelo sul dos EUA, especificamente no charmoso e interessante estado da Louisiana, o blog Cervejas Americanas recomenda uma visita a Abita (http://abita.com/), a principal micro-cervejaria da região - fica na cidade de Abita Springs, a cerca de 50 km ao norte de New Orleans.

Fundada em 1986 foi crescendo lentamente e em 1994 se mudou do local original (onde hoje funciona o brewpub) para uma grande fabrica com equipamentos modernos. Hoje é a 15a maior cervejaria artesanal dos EUA, produzindo cerca de 1.5 milhões de litros por mês. Atualmente, voce pode achar suas cervejas em 46 dos 50 estados norte americanos e também em Porto Rico.

O local original, onde hoje funciona o Brewpub

A Abita se especializa em cervejas de sabor mais suave, principalmente as lagers. Para tal, utiliza-se da agua vinda de poços artesianos que drenam de um famoso aquífero onde está localizada (Abita Springs), sendo que não ha nenhum tratamento da agua antes de ser usada na cerveja.

Ainda não tive a chance de visitar essa cervejaria, apenas provei suas cervejas. Imagino que seja uma ótima experiencia visto que a região de New Orleans possui a famosa culinaria Cajun, bastante temperada e apimentada, além  do clima que  é bem quente - todas boas razões para se visitar uma cervejaria e seu tasting room. As tours acontecem de quarta a sabado -  de quarta a sexta sempre as 2 pm e em quatro horarios a partir das 10 da manha nos sabados.



Outro aspecto bem legal dessa cervejaria é o seu senso de comunidade. Teve um papel muito importante nas recentes tragédias que assolaram a Louisiana como o furacão Katrina e o vazamento de óleo de 2010. Em ambas ocasiões, foram produzidas cervejas especiais que tiveram seus lucros revertidos para a reconstrução e recuperação da região.

Foto: thebeerinme.com

Abita Turbodog sendo servida em uma cena do seriado "True Blood"

A Abita produz 7 cervejas de linha (as chamadas flagship beers), 5 seasonals, 3 harvest ales (feitas com ingredientes locais como nozes pecan e morangos) e 4 big beers (estilos mais alcoolicos em garrafas maiores). Tive a oportunidade de provar 3 das 7 flagship beers dessa cervejaria. Segue abaixo as minhas impressões e um pouco da história de cada cerveja:


Purple Haze:


A Purple Haze é uma cerveja de trigo que tem adição de puré de framboesa após a filtragem, o que a confere uma cor arroxeada pálida e turva, as vezes até com alguns pequenos pedaços de fruta em solução.

No copo, tem coloração amarelo escura com algumas tonalidades de violeta e bastante turbidez. A espuma é branca e persiste por um bom tempo, com media a baixa retenção nas laterais. Definitivamente não é a cerveja mais bonita do mundo.

Aroma é uma mistura de cereais, pão e grãos/malte com notas frutadas doces de framboesa, bem como algum aroma meio metalico/mineral pairando em segundo plano. O aroma da framboesa não chega a ser intenso como nas Framboises da vida (Lindemans, Bachus, etc) mas ainda assim é bem perceptível e bem inserido.

O sabor inicial é justamente o da framboesa, bem pouco doce e levemente azedo. Maltes de trigo e notas de pão/cereais aparecem na sequencia, seguidos por um amargor discreto. O aftertaste é mediano e tem uma combinação das notas de pão com as notas agridoces da framboesa.

Corpo bem baixo e mouthfeel aguado e leve. Os sabores estão la mas não ha qualquer tipo de corpo. Carbonatação alta assim como o drinkability.

Essa cerveja não é muito bem "avaliada" nos EUA, mas podem falar o que quiserem, não tem como negar que é leve, facil de beber, refrescante e muito agradável com pratos doces e sobremesas.  Acho que faria sucesso no Brasil.

Teor Alcoolico: 4.2%
IBU: 13
Preço: 2,00 dolares na loja.

Notas:

Aparência: 6/10
Aroma: 8/10
Sabor: 7/10
Sensação: 6/10
Conjunto: 8/10

Total: 7.0




Restoration Pale Ale:


Essa american pale ale foi criada nas semanas seguintes a grande tragedia do furacão Katrina que devastou o estado de Lousiana. Milagrosamente a cervejaria ficou praticamente intacta e então para retribuir essa "benção" foi decidido que seria feita uma cerveja para ajudar a angariar fundos de reconstrução da região. A Restoration, como sugere o nome, conseguiu arrecadar impressionantes 550.000 dolares!

É feita com maltes pale, lager, crystal e cara-pils; lupulada com Cascade e fermentada com a levedura California Ale.

Coloração amarelo escura, levemente turva. Forma colarinho branco cremoso e abundante que apresenta ótima retenção e persistencia.

Aroma inicial de malte, cereais e pão seguidos de notas florais / pinhais e frutadas no final.

Sabor de pão e biscoito seguido por presença delicada de lupulo, principalmente com notas citricas, terrosas e herbais, mas nada muito intenso. Leves doses de amargor vêm em seguida contribuindo para um final seco.

O corpo é bem baixo, a carbonatação é mediana e o mouthfeel bem clean. Alto drinkability nessa pale ale. Uma excelente session beer.

No geral ela cumpre seu papel como uma cerveja simples e bem feita, ideal para ocasiões não especiais e consumo em medias a grandes quantidades!

Teor Alcoolico: 5.0%
IBU: 20
Preço: 2 dolares na loja


Notas:


Aparência: 8.5/10
Aroma: 6/10
Sabor: 7/10
Sensação: 7/10
Conjunto: 7.5/10


Total: 7.2



Turbodog:


Diz a lenda que no aniversario de 5 anos da Abita, trouxeram um cervejeiro do Reino Unido para fazer uma cerveja comemorativa que seria uma english mild brown chamada de Old Dog Ale. Após a produção, a cerveja acabou ficando bem mais encorpada e saborosa do que o esperado. Foi então decidido que o nome "cachorro velho" não seria muito adequado, parecia mais que aquele cachorro tinha sido "turbinado". Daí veio o nome Turbodog.

Essa dark brown ale é feita com maltes pale, crystal e chocolate e lupulada com Willamette.

Verte liquido marrom bem escuro, quase preto, com algumas notas avermelhadas quando olhada contra a luz. Forma colarinho marrom-claro de dois dedos que persiste por alguns minutos e se reduz a uma fina película que paira sobre a superfície da cerveja durante o consumo. Retenção é acima da media.

Aroma decepcionantemente fraco com apenas algumas notas de malte torrado e nenhuma complexidade.

O sabor ja é mais intenso e tem notas de malte escuro, caramelo e chocolate. Finaliza com um pouco de amargor vindo do lupulo e da torrefação. Final mediano com aftertaste leve e torrado.

Corpo mediano a leve, com carbonatação mediana. Mouthfeel clean e unidimensional, com alto drinkability.

No geral outra boa session beer da Abita. Pra mim parece bastante uma Schwarzbier (lager) devido a fermentação clean, sem nenhum composto frutado ou ester detectavel por mim. Bem feita porém pouco complexa.

Teor Alcoolico: 5.6%
IBU: 28
Preço: 2 dolares na loja.


Notas:

Aparência: 8/10
Aroma: 6/10
Sabor: 7/10
Sensação: 6/10
Conjunto: 8/10

Total: 7.0

segunda-feira, 19 de março de 2012

Flying Dog Wildeman Farmhouse IPA



A mais nova cerveja da Flying Dog é uma homenagem ao bar de cervejas "In de Wildeman"(http://www.indewildeman.nl/index.php?lang=en&page=0) que funciona em um predio de uma antiga destilaria, em Amsterdam, na Holanda.

O famoso bar pediu a cervejaria americana baseada em Frederick MD que fizesse uma cerveja comemorativa do seu aniversario de 25 anos, para ser servida exclusivamente em suas dependencias. O desafio foi aceito e a leva inicial foi produzida em pequena escala e engarrafada em formato de 750 ml. Lembro bem que durante a minha visita na Flying Dog (http://cervejasamericanas.blogspot.com.br/2011/07/visita-flying-dog.html), o guia me falou que esta cerveja estava no tanque e que estava sensacional.

A primeira leva da cerveja. Foto: DCBeer.com

O tempo passou e o resultado foi bom, a cerveja fez sucesso na Holanda e em algumas degustações exclusivas na região de Washington DC. Com isso, a Flying Dog decidiu produzi-la de novo e comercializa-la em larga escala nos EUA, agora no formato habitual de 355 ml e também na pressão.

Segue o comercial bizarro, bem "a la Hunter S. Thompson", que a cervejaria fez desse novo rotulo:




Mas vamos a cerveja:


No copo, verte uma coloração laranja dourada, quase totalmente cristalina. O colarinho de um dedo é branco e cremoso, mas desce rapidamente com media retenção lateral.

O aroma é uma mistura de citricidade com especiarias. Começa com uma pegada bem cítrica e pungente com notas de urina de gato (isso mesmo) que apesar de parecer um termo estranho é um classico descritor usado para designar aromas de lupulo fresco, geralmente da variedade Simcoe. Segue então com notas aromaticas e herbais de tempero, principalmente coentro e alecrim. Também é possivel perceber notas mais florais e terrosas.

O sabor inicial vem do malte, com caramelo e candy sugar. Logo os lupulos aparecem novamente com a citricidade dominando - notas de grapefruit e limão são as mais aparentes. Especiarias vem em seguida com coentro, cravo e alecrim. Ha uma nota meio "funky" também pairando pelo sabor da cerveja: É dificil de definir, não é exatamente um Brettanomyces eu diria que cai mais pra um sabor de couro (leathery) . Finaliza com bastante amargor que aparece com algumas notas de pimenta.

O corpo é mediano também com carbonatação mediana. Mouthfeel seco e um pouco adstringente no final, pela alta lupulação. O aftertaste é basicamente amargor com leves notas florais e spicy.

No geral essa é uma cerveja bem diferente da maioria. Lembra um pouco as Belgian IPAs mas eu acho que ao invés de "Farmhouse IPA" poderia ser melhor definida como uma "Saison com lupulagem extra". O principal ponto positivo foi a secura dela, o que possibilita um alto drinkability apesar do moderado teor alcoolico. Mas tenho que confessar que esse intercambio entre lupulos americanos e fermento belga não me apetece, prefiro esses componentes fazendo seus papéis separadamente.

Teor Alcoolico: 7.5%
IBU: 75


Notas:


Aparência: 7/10
Aroma: 7/10
Sabor: 6/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 7/10


Total: 7.0

quinta-feira, 8 de março de 2012

Beer Madness 2012

Pra quem não sabe, o mais emocionante e um dos mais assistidos campeonatos esportivos nos EUA são as finais do basquete universitario. Os times jogam entre si em suas conferencias durante a temporada regular e , baseado em sua performance, os 64 melhores times compõem o "bracket" - que nada mais é do que uma grande chave de "mata mata", dividida entre as 4 regiões do país. Os 4 times que vencem as suas respectivas regiões vão para o final four, um quadrangular final que definirá o campeão nacional. Todos esses emocionantes confrontos se dão no mes de março, fato conhecido como "March Madness".
Tradicionalmente, todo mundo faz suas previsões antes do campeonato começar e rolam muitas apostas entre grupos de amigos, de trabalho ou mesmo na internet, mesmo porque a chance de acerta-lo completamente é mínima e muitas "zebras" sempre acontecem. Segue abaixo o Bracket que o presidente Obama fez ano passado:



Bom, mas o que isso tem a ver com cerveja?

Tem a ver porque o Washington Post, um dos principais jornais dos EUA e do mundo começou, meio que de brincadeira, a organizar anualmente o "Beer Madness" - uma competição similar a do basquete universitario, que também acontece agora no mês de março.

Esse ano as regras mudaram um pouco, são apenas 32 cervejas exclusivamente americanas e disponíveis durante o ano inteiro em garrafa ou lata (não vale as que só saem em chopp) na macro-região de Washington DC, o que também inclui os estados de Maryland e Virginia.

Foto: Washington Post

Os 32 rótulos são então divididos em 4 categorias que levam em conta a característica principal da cerveja (Fruit and Spice, Roast, Hop e Crisp). Nove jurados (4 "profissionais", 4 leitores e 1 tie-braker, que é o crítico de cervejas do jornal) fazem então as degustações cegas de duas a duas cervejas, sempre escolhendo a melhor em cada confronto. As ganhadoras vão então avançando na chave até que se coroe as 4 campeãs, uma de cada categoria. Por fim, no final four os jurados escolhem a melhor cerveja. O resultado é então arquivado e divulgado aos poucos, conforme o campeonato de basquete vai se desenrolando. Todo esse processo acontece no excelente bar Churchkey e é organizada por Greg Engert, um dos Beer Sommeliers mais famosos dos EUA.


Além da competição oficial, os internautas também podem votar em suas preferidas a cada confronto. Para votar, basta clicar neste link: http://www.washingtonpost.com/beer-madness

Dei uma resumida nas cervejas competidoras abaixo. Algumas inclusive passaram aqui pelo Blog, outras eu provei mas não postei, outras eu ja tinha ouvido falar mas nunca provei e por fim, algumas eu nunca tinha ouvido falar. Segue a lista:

foto: Washington Post

Fruit and Spice:

Cervejas cujas características de aroma e sabor vem principalmente do fermento e seus subprodutos ou então de temperos adicionados.  As oito escolhidas desse ano foram:

1) Optimal Wit, uma belgian white da Port City brewing de Virginia

2) Dreamweaver, uma hefeweizen da Troegs, de Hershey PA (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/06/troegs-dream-weaver-wheat.html)

3) Rayon Vert, uma pale ale com Brettanomyces, da Green Flash da California

4) Saison Rue, uma Saison com malte de centeio, da The Bruery tambem da California

5) Exit #4, a campeã do ano passado, uma Tripel com lupulos americanos, da Flying Fish de New Jersey.

6) Brooklyn Sorachi Ace, disponível no Brasil, uma Saison com lupulo japones da Brooklyn Brewery (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/10/brooklyn-sorachi-ace.html)

7) Three Philosophers, uma Quadrupel blendada com Kriek, da Ommegang de Cooperstown NY (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/03/ommegang-three-philosophers.html)

8) Siamese Twin, uma Dubbel com capim-limão, da Uncommon Brewers da California.


Roast:

Cervejas com características mais pesadas de malte torrado, café, chocolate, melaço, etc. As oito são:

1) Lucky 7, uma Robust Porter da Evolution Brewing, de Delaware.

2) Maui Coconut Porter, uma Porter com coco queimado, da Maui brewing co. do Havaí.

3) Allagash Black, uma Belgian Stout da Allagash, de Portland Maine (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/03/allagash-black.html)

4) Existent, uma dark Saison, da Stillwater artisanal Ales, cervejaria cigana.

5) Sierra Nevada Stout, uma Stout da Sierra Nevada, de Chico California.

6) Schlafly Oatmeal Stout, uma Stout da Schlafly, de Saint Louis, Missouri.

7) Sublimely Self Righteous Ale, uma Black IPA da Stone de Escondido California.

8) Black Lightning, outra Black IPA da Duclaw Brewing, de Mariland.


Hop:

Cervejas com características predominantemente lupuladas.  São elas:

1) The Public, uma IPA da novíssima DC Brau, de Washington DC.

2) New River, uma Pale Ale da Lost Rhino Brewing, de Virginia.

3) Wildeman Farmhouse IPA, uma IPA com levedura selvagem, da Flying Dog de Mariland (em breve aqui no blog) .

4) Belgo, uma Belgian IPA da New Belgium Brewing de Colorado.

5) Red's Rye PA, uma IPA com centeio, da Founders Brewing, de Michigan.

6) Righteous Ale, outra IPA com centeio da Sixpoint Brewery, estado de NY.

7) Maximus, uma imperial IPA da Lagunitas, de Petaluma California (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/12/degustacaozinha-horizontal-de-double.html)

8) Burton Baton, um blend de Imperial IPA com Old Ale maturada em barris de carvalho, da Dogfish Head de Delaware (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2011/12/visita-dogfish-head-parte-2-rehoboth.html)


Crisp:

Cervejas mais leves, com sabor menos extremo e por isso mais delicadas porém igualmente complexas. As oito:

1) Fordham Helles, uma Helles lager da Fordham Brewing, de Delaware.

2) Bell's Lager, uma pale lager da Bell's Brewery, de Michigan.

3) Elliot Ness, uma Vienna Lager da Great Lakes Brewing, de Cleveland Ohio.

4) Festie, uma Marzen/Oktoberfest lager feita pela Star Hill Brewery, de Virginia.

5) Prima Pils, uma German Pilsener da Victory Brewing, de Pennsylvania (http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/12/victory-brewing-company.html)

6) Joe's Premium American Pilsener, da Avery Brewing de Colorado

7) Small Craft Warning, uma Imperial Pilsener da Clipper City/Heavy Seas de Baltimore, MD.

8) Coney Island Sword Swallower, uma Pilsen bem lupulada da Schmaltz Brewing de NY.


Outra interpretação grafica bem legal da competição pode ser vista aqui: http://www.washingtonpost.com/lifestyle/food/beer-madness/2012/03/06/gIQA9Xs4uR_graphic.html

E aí ja votaram? Que vença a melhor.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

New Belgium Prickly Passion Saison

Mais um exemplar da serie "Lips of Faith" da New Belgium Brewing, essa cerveja leva a adição de sucos de maracujá e de prickly pear (uma espécie de cacto) que são fermentados, juntamente com os maltes pale e crystal 80, pela levedura belga de Saisons da cervejaria. Os lupulos usados são Target e Liberty.

Na garrafa, o bonito rotulo em alto relevo traz uma flor e algumas plantas da Opuntia, ou Prickly Pear, espécie de Cacto usado na cerveja (http://en.wikipedia.org/wiki/Opuntia).


Na taça, verteu coloração laranja-dourada escura, translucida, com bastante carbonatação fina vindo dos fundos. Colarinho branco cremoso que forma cerca de um dedo de espuma ao se rodar o liquido no copo. Retenção no vidro é moderada.

Aroma altamente "belga" e muito intenso, com domínio do fermento. Inicia-se com notas de malte e pão doce, bem como um pouco de mel. Logo aparecem notas frutadas de laranja, maracujá e damasco. Além disso sinto um aroma peculiar que julgo que venha do tal cacto usado na fermentação. Finaliza com notas spicy de fermento que pinicam o nariz. Complexo e talvez o melhor atributo dessa cerveja.

Na boca o sabor inicial é novamente adocicado devido ao malte, com notas dominantes de pão e mel. Segue com frutas citricas e frutas adocicadas, principalmente laranja doce e abacaxi, finalizando bem seca e novamente com toques spicy de fermento. Amargor e lupulos não são detectaveis.

O corpo é mediano e nada ralo ou aguado, ideal para o estilo, porém surpreendentemente baixo para uma cerveja com esse tanto de alcool. Mouthfeel é seco e um pouco adstringente pelas notas cítricas apresentadas. Carbonatação também não é tão alta quanto o esperado para uma Saison. O alcool muito bem inserido - realmente deixa aquela sensação de calor na garganta mas sem atacar a boca.

No geral, uma ótima cerveja da New Belgium. Não é nem de longe a melhor Saison que eu ja tomei mas é sem duvida muito bem feita, com aquele inicio adocicado, final seco e boas notas de fermento. Gostei da receita inovadora, tendo sido usados  o maracujá e o prickly pear que complementaram o conjunto sem serem aparentes de mais.

Teor Alcoolico: 8.5%
Preço: U$ 9.99 o bomber de 600 ml.



Notas:


Aparência: 7/10
Aroma: 9/10
Sabor: 7/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 8/10


Total: 7.8

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Firestone Walker e o lúpulo



Na opinião desse blog a  melhor cervejaria do mundo para cervejas extra lupuladas é, sem sombra de dúvida, a Firestone Walker - de Paso Robles, California. A Russian River tem o hype atrás de seus rótulos (Plinys), mas quem ganha premio atrás de premio nas categorias mais disputadas (American Pale Ale, American IPA e Double IPA) das principais competições do mundo é sempre Matt Brynildson e companhia.

Fundada em 1996 pelos cunhados Adam Firestone e David Walker, a cervejaria só foi mesmo pra frente depois de 2001, quando os donos compraram o local onde atualmente ela se encontra: no meio da costa Californiana, entre Los Angeles e San Francisco. Foi também em 2001 que eles contrataram o Brynildson, que é o cara que mais entende do uso do lupulo na cerveja no mundo. Matt esteve no Brasil em algumas oportunidades e até ajudou a desenvolver a receita da Double IPA da Cervejaria Colorado, antigamente chamada de Double Indica e recentemente rebatizada de Vixnu.

Adam Firestone, Matt Brynildson e David Walker

A lista de premios é extensa e engloba, como ja dito, os principais torneios do mundo como a World Beer Cup, European Beer Star e Great American Beer Festival. Não vou citar todos aqui, se alguém tiver a curiosidade entre nesse link: http://www.firestonebeer.com/awards-press/.

Fui sortudo o bastante de ja ter tomado essas cervejas e posso dizer com toda honestidade que são excepcionais. Quem tiver a oportunidade de viajar para os EUA não deve perder a chance de toma-las.
Segue abaixo a minha avaliação da Union Jack IPA e da Double Jack (Double IPA). Faço o agradecimento ao meu grande amigo Alexandre Potascheff por ter me presenteado com uma garrafa fresquinha dessa ultima cerveja, recém trazida de sua viagem a California.

Union Jack IPA


Usa 4 tipos de malte (2-row, Munich, Cara-Pils e Light Crystal) e 7 variedades de lupulo: Warrior e Simcoe (amargor), Cascade e Centennial (final da fervura) e Amarillo, Cascade, Centennial, Chinook e Simcoe (dry-hopping, que é feito tres vezes).

Aparencia cor de cobre, límpida. Colarinho branco/creme com boa persistencia e excelente retenção.

O aroma basicamente só vem dos lupulos: Notas cítricas, pinhais e resinosas emanando deliciosamente do copo. Um toque de floral também.

O sabor, como o aroma sugeriu, é também centrado nos lupulos. Com certeza o malte está ali para balancear tudo mas o aspecto lupulado é tão fresco e saboroso que não se consegue nota-lo. Bastante tangerina e um pouco de pinhal novamente.

O mouthfeel é bem cremoso e aveludado, com carbonatação media a baixa. O final, como não poderia deixar de ser, é um pouco ácido, adstringente e seco, pedindo o próximo gole.

American IPA top de linha. Não consigo achar nenhum defeito nela. Simplesmente sensacional.

Teor Alcoolico: 7.5%
Preço:  US$ 5.00 o pint no bar 


Notas:

Aparência: 8/10
Aroma: 9/10
Sabor: 9/10
Sensação: 9/10
Conjunto: 10/10

Total: 9.0


Double Jack


Usa 3 tipos de malte (2-row, Munich e Light Crystal) e 6 variedades de lupulo: Warrior e Columbus (amargor), Cascade e Centennial (final da fervura) e Amarillo, Cascade, Centennial e Simcoe (dry-hopping).

Aparência cristalina com coloração laranja-escura / cobre. A espuma é cremosa e cor de creme. Persistencia e retenção medias a altas.

Aroma explosivo  com frutas cítricas e tropicais: grapefruit, tangerina, laranja, manga e abacaxi. Da pra sentir tudo. Diferentemente de sua "irmã menor" (a Union Jack) consegue-se detectar algumas notas de malte caramelo e uma pitada de alcool volátil. Poderiam fazer um perfume com o aroma dessa cerveja e eu o usaria todo dia.

O sabor novamente começa bem frutado e cítrico, também com algumas notas de grama recém-cortada. É importante frisar que o malte fica perfeitamente balanceado e andando em segundo plano, com notas carameladas aparecendo principalmente do meio pro final do gole. O amargor aparece no final mas é medio a baixo e absurdamente suave na boca, porém o final é seco. O aftertaste tem mais fruta do que amargo. 

Corpo medio a baixo para o estilo. Carbonatação também tendendo pro medio baixo com alcool virtualmente não perceptível. Difícil acreditar nos 9.5%. Drinkability gigantesco.

No geral essa é sem duvida uma das melhores Double IPAs ja feitas. Além obviamente do malte, os lupulos com sua característica frutada e quase doce balanceiam o seu próprio amargor. Loucura. Por favor a beba fresca, nada de comprar a garrafa e "guardar" para uma ocasião especial. Crie a ocasião!

Teor Alcoolico: 9.5%



Notas:


Aparência: 8/10
Aroma: 10/10
Sabor: 9/10
Sensação: 9/10
Conjunto: 10/10


Total: 9.2



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Samuel Adams Double Bock



Parte da "Imperial Series"- segmento de estilos classicos "imperializados" da Boston Beer Company, a Double Bock é sem duvida a mais famosa e pioneira da serie, datando de 1988. Hoje, além dela, temos a Imperial Stout, Imperial White e a Wee Heavy fazendo parte dessa série.

Seguindo o classico estilo alemão também conhecido como Doppelbock e exemplificado pela Paulaner Salvator, a Samuel Adams  utiliza quatro tipos de malte (2-row Harrington, Metcalfe, Copeland Pale e Caramel 60) e duas variedades de lupulo nobre (Tettnanger e Hallertau) para fabricar a cerveja. Fica maturando por 4 semanas antes de ser comercializada.
Disponível o ano inteiro, tem OG de 23 plato, 9.5% de alcool e 40 IBU. São cerca de 225 gramas de malte por garrafa de 330 ml que possui 353 calorias, seguindo a risca o estilo originado para nutrir os monges durante a quaresma. Enfim, uma lager de responsa.



Coloração marrom escura e avermelhada, cristalina, com rica espuma beige que se mantém na superfície por muito tempo. A retenção é sensacional. Linda cerveja no copo!

Aroma ficou com intensidade um pouco aquém do esperado. Como não poderia deixar de ser, tem notas maltadas de  caramelo, toffee e nozes, também com dulçor de bubblegum, outras frutas vermelhas e talvez alguma baunilha. Alcool moderadamente aparente.

O sabor, acreditem ou não, começa meio salgado e transiciona para malte torrado, caramelo, toffee e nozes, bem como notas frutadas das quais predomina a ameixa. Finaliza bem alcoolica e "quente".

Na boca, tem sensação cremosa e um pouco agressiva, com media a alta carbonatação. Aftertaste longo e duradouro, principalmente com notas de malte caramelo e toffee, bem como alcool volátil. Drinkability mediano.

Doppelbock bem feita que eu definitivamente tomaria de novo, mas achei aquelas notas salgadas iniciais um pouco estranhas (teria sido algum off-flavor na minha garrafa?). Também poderia ter aroma mais intenso.

Teor Alcoolico: 9.5%
IBUs:40
Preço: US$ 5.00 no bar

Foto: Left4Beer.com

Notas:

Aparência: 9.5/10
Aroma: 7/10
Sabor: 6.5/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 7/10

Total: 7.6


segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quarry House Tavern - Beer. Burgers. Basement.

Aqui vai mais um post sobre ótimos bares para se tomar cervejas americanas nos EUA. Este aqui é um bem peculiar e fica na região metropolitana de Washington DC, na cidade de Silverspring MD.




A Quarry House Tavern (http://quarryhousetavern.com/) é um mítico pub de porão cuja entrada fica escondida do lado de um restaurante Indiano. Da rua voce só ve um pequeno letreiro e uma parede de madeira bem detonada que esconde uma grade de metal que por sua vez leva a uma escada de 13 degraus para o subsolo. Pouca gente que não é de Silverspring sabe desse lugar, que tem um status cult entre os apreciadores de boas cervejas.


La dentro a atmosfera é no mínimo peculiar: lugar escuro, sujo, com paredes de madeira e teto bem baixo. O cheiro de fritura com cerveja derramada domina o ar viciado que transmite as ondas sonoras do  bom e velho rock and roll. Enfim, um lugar perfeito para se tomar uma cerveja encorpada em um dia frio e cinzento de inverno. E foi o que eu fiz.


Conhecido pela frase Beer. Burgers. Basement esse bar "literalmente underground" se especializa em cervejas e comidas gordas como hamburgueres e frituras, em especial as tater tots (http://en.wikipedia.org/wiki/Tater_tots) bolinhas fritas de batata gratinada que acompanham os lanches.

Mushroom Cheeseburger com side de Tater Tots

A lista de cerveja, como não poderia deixar de ser, é bem interessante com muitas opções (cerca de 300) de garrafas do mundo inteiro. São poucas taps (se não me engano 9, sendo uma de Guinness e o resto de cervejas locais como a Heavy Seas e Flying Dog). Outra coisa boa desse bar é o preço, muito inferior a maioria dos bares similares de Washington. Aqui vão algumas fotos da Beer List que ironicamente é chamada de Beericulum Vitae:



Enfim, é um lugar altamente recomendável para quem estiver nos arredores de Washington DC. Você chega la de metro saindo na estação Silverspring da linha vermelha. Pertinho do bar, vale também a visita a um dos mais importantes cinemas do mundo, o AFI Silver Theater and Cultural Center (http://www.afi.com/SILVER/), que faz parte do American Film Institute.