quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Kona Brewing Co. - Hawaii

O movimento micro-cervejeiro dos EUA, iniciado no final da década de 70 tomou proporções tão grandes que hoje existem cervejarias artesanais em todos os estados norte americanos, inclusive no Alaska e no Hawaii. E é justamente no Hawaii que fica a Kona Brewing Co., que juntamente com a Maui Brewing Co., produz as melhores cervejas do oceano pacífico.



Kona é um dos distritos da maior ilha do arquipelago do Hawaii (chamada de Big Island ou Hawaii Island - é a ilha do canto inferior direito do mapa acima) e famosa pela produção de café.  É portanto nessa região que fica a cervejaria, fundada em 1995 e cercada de vulcões, vegetação nativa e águas cristalinas.

A cervejaria na Big Island
Foto: Konaonenalo.com

Quando fui para o Hawaii em janeiro de 2011 acabei não indo a Big Island (e consequentemente a cervejaria). Fiquei somente em Oahu,  a ilha mais populosa e mais famosa. Em Oahu, porém, há um Brewpub/Restaurante da Kona que fica em um complexo comercial no sudeste da ilha chamado de Koko marina.
É um pub com 24 taps que serve todas as receitas produzidas pela Kona.

O Brewpub em Koko Marina
Foto: thedailygreen.com

Tive a oportunidade de jantar nesse brewpub e tomar algumas cervejas da Kona. O ambiente é bem informal e típico de um bar de cervejas dos EUA. O cardápio é centrado em frutos do mar e comidas da região, com bastante uso de frutas e saladas. Pra ser sincero a comida não estava muito do nosso agrado, minha namorada pediu uma salada com camarões e tínhamos quase certeza que usaram camarões congelados. Pedi um sanduíche que estava ok, nada absurdo.

Mas as cervejas estavam boas e o lugar é bem bonito, com certeza vale a visita se alguém tiver a oportunidade de ir pro Hawaii (que aliás eu recomendo muito).

Aqui vão algumas fotos:

Fachada de entrada

Gift Shop

Bar

Vista da nossa mesa

Por do sol que vimos antes de ir para o pub

Ja tinha avaliado uma cerveja da Kona aqui no blog. Foi a Fire Rock Pale Ale. Você pode relembrar aquela avaliação aqui.
La no brewpub acabei tomando a Big Wave Golden Ale e a Da Grind Buzz-Kona, uma imperial stout feita com café local, só disponível on tap na região. Aqui vão minhas impressões:

Kona Big Wave Golden Ale:


É uma golden ale leve que usa maltes pale (2-row) e honey malt. Os lúpulos são Northern Brewer, Willamette e Hallertau.

Coloração amarelo-escuro brilhante, cristalina. Formou 1 dedo de colarinho que se dissipou rapidamente. A retenção lateral ficou abaixo das expectativas para o estilo.

Aroma bem suave e "clean" com notas de malte, grão e cereais e leves toques de lupulo floral.

O sabor segue mais ou menos o aroma com um início focado em maltes - com notas de pão, biscoitos e cereais - e evolui com um certo dulçor e notas de mel mais pro final do gole. Finaliza seca com notas herbais discretas e algum amargor dos lupulos.

Corpo medio a baixo com media carbonatação. Bom drinkability.

No geral é uma golden ale com alta palatabilidade, mas faltaram mais notas frutadas de fermento, típicas do estilo. Para mim me pareceu uma lager mais maltada com sabores bem comedidos.

Teor Alcoolico: 4.4%
IBU: 21
Preço: 4 dolares o copo

Notas:

Aparência: 7/10
Aroma: 6/10
Sabor: 6/10
Sensação: 7/10
Conjunto: 6/10

Total: 6.4


Da Grind Buzz-Kona:


Como eu disse acima, essa é uma imperial stout feita exclusivamente para o brewpub, e usa o próprio café produzido em Kona.

Aparência opaca com cor marrom bem escura, quase negra. O colarinho é cremoso e persistente, ficando em 1 dedo por um bom tempo (vide a foto). Retenção lateral acima da media.

O aroma é intenso porém bem unidimensional e pouco complexo, com notas de malte escuro torrado e café.

Sabor incial de malte escuro, torrefação e algum dulçor, seguidos de fortes notas de café espresso, o que confere um certo amargor ao final da cerveja (provavelmente há alguma contribuição da lupulagem também). Finaliza seca e adstringente.

O mouthfeel foi sem duvida a melhor parte da cerveja, com uma textura aveludada e cremosa que me fez pensar que ela foi servida no nitrogênio (acabei não verificando essa informação).

O corpo foi o principal problema na minha opinião. Ficou muito baixo para uma imperial stout. Apesar disso elevar o seu drinkability, o conjunto final ficou meio estranho, parecia uma versão um pouco mais pesada da Guinness com um "dry-coffee" intenso. A carbonatação é baixa e cremosa. Alcool pouco perceptivo.

No geral, apesar de algumas falhas de caracterização dentro do estilo, foi uma boa pedida para aquela ocasião. É sempre bom provar cervejas frescas feitas com ingredientes locais.

Teor Alcoolico: 8.5%
Preço: 6 dolares o copo



Notas:

Aparência: 9/10
Aroma: 7/10
Sabor: 7/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 7/10

Total: 7.6


Representando o Brasil na cena cervejeira do Hawaii!







quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Estilos inovadores: Imperial Pumpkin Stout



As cervejarias artesanais dos EUA são conhecidas pela inovação e pela constante recriação e reinvenção dos estilos ja consagrados no mercado.
Recentemente meu irmão Phil, do blog Notícias Cervejeiras, adquiriu em viagem aos EUA um exemplar no mínimo curioso - uma Imperial Pumpkin Stout. Foi a primeira vez que tínhamos ouvido falar desse estilo.

A cerveja em questão é feita pela Cape Ann Brewing, da charmosa cidade portuária de Gloucester, MA (pronuncia-se Glóster). As cervejas da Cape Ann são todas batizadas de Fisherman's Beer (mais ou menos como a Boston Beer Co. chama suas cervejas de Samuel Adams). É um pequeno brewpub / cervejaria na cidade que é totalmente voltada para a pesca e para o turismo.

Imperial Stouts todos nós conhecemos, assim como as Imperial Pumpkins (que não são la tão comuns  quanto a sua versão mais leve, as Pumpkin Ales). Agora Imperial Pumpkin Stout, essa foi pioneira. E o pior é que, se pararmos pra pensar, até que a ideia é boa e ja foi muito explorada no mundo das sobremesas (vide a foto acima). As notas de chocolate e malte torrado das Imperial Stout casariam bem com os sabores adocicados e as especiarias utilizadas nas Pumpkins. Mesmo assim, abrimos a garrafa com um "pé atrás".


Essa receita é uma Imperial Stout de 11% de alcool, feita com a adição de pedaços de abóbora e temperos como canela, noz moscada e all-spice.



Coloração negra e opaca, com alguns tons alaranjados escuros quando olhada contra a luz. A mais escura cerveja de pumpkin que eu ja vi. O colarinho é marrom-claro com média a baixa persistência e retenção.

O aroma é fortemente puxado para as especiarias (pumpkin spice), com notas de noz-moscada, cravo, canela e cardamomo. Também um pouco de abóbora perceptível. Maltes torrados ficam em segundo plano. Mas se eu estivesse com os olhos vendados, falaria sem titubear que se trata de uma Pumpkin Ale. E das boas.

Ja o sabor tem mais stout. Começa com malte torrado, chocolate, toffee, frutas escuras e melaço. Em seguida uma grande avalanche de temperos, novamente com a noz-moscada, canela e cardamomo. Finaliza com as especiarias junto com algum amargor terroso de lupulo, assim como tenues notas "quentes" de alcool e certa adstringência. Há leve dulçor residual.

Corpo mediano a alto com carbonatação baixa. O mouthfeel é bem aveludado e suave. Drinkability mediano.

No geral ela surpreendeu positivamente.  O equilibrio entre as notas de malte escuro e os temperos ficou certinho e bem pouco enjoativo. Esconde adequadamente seu teor alcoolico. Ficaria ótima com sobremesas e pratos doces.

Teor Alcoolico: 11%



Notas:

Aparência: 7/10
Aroma: 9/10
Sabor: 8/10
Sensação: 8/10
Conjunto: 8/10

Total: 8.0


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

The Bruery Mischief

Ja falei aqui no blog dessa cervejaria a "The Bruery", de Placentia, California. É uma artesanal que apostou fundo no formato não filtrado de 750 ml, com refermentação na própria garrafa.  Sempre tendendo a produzir cervejas diferentes da maioria das outras micros americanas, a Bruery (trocadilho com o sobrenome "Rue" e a palavra "brewery") é sem duvida nenhuma uma das mais inovadoras e respeitadas novas cervejarias dos EUA.


A Mischief, a cerveja deste post, é uma Belgian Golden Strong Ale com dry hop de lúpulos americanos, mas sem perder a identidade belga no sabor e aroma.


A aparência da cerveja varia muito se você pegar o primeiro ou o último copo da garrafa. Inicialmente ela é bem cristalina com coloração dourada brilhante, ja pro final da garrafa, devido aos sedimentos e fermento, ela fica bem mais turva. O colarinho é bem abundante, branco e cremoso, com boa persistência e ótima retenção.

O aroma é uma mistura de notas apimentadas, condimentadas e frutadas, com lupulo floral aromático.

Sabor inicial de malte, pão e biscoito com notas apimentadas e condimentadas de fermento belga e tons cítricos de limão e laranja. Finaliza com amargor moderado e carbonatação alta e efervescente.

Mouthfeel bem seco e adstringente, com um aftertaste condimentado e amargo. Corpo mediano e alta carbonatação.

No geral, mais uma excelente cerveja vindo da California. Essa tem foco exclusivo nos fermentos e seus subprodutos. Um ótimo exemplo do que uma strong golden ale deve ser, com um toque lupulado a mais.

Teor Alcoolico: 8.5%
IBU: 35


Notas:


Aparência: 8/10
Aroma: 8/10
Sabor: 8/10
Sensação: 8/10
Conjunto/Estilo: 7/10


Total: 7,8