segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mais da cervejaria mais maluca dos EUA - Pretty Things, parte 2 de 3 - Babayaga



A Babayaga e' uma cerveja sazonal de inverno, com 7,0 % de teor alcoolico e e' inspirada em mais uma historia insana, cortesia da Pretty Things:


Baba Yaga e' um personagem folclorico de varios paises como Russia, Polonia, Lituania e Republica Tcheca. E' o equivalente ao que nos ocidentais conhecemos como bruxa, feiticeira, comedora de criancinhas. Uma velhinha (Baba - quer dizer vo' e Yaga - quer dizer algo como "decrepita") malvada, nariguda (com a classica verruga na ponta) que vive sozinha na floresta em uma cabana que tem pernas de galinha e muda de localizacao "andando" e "dancando". O buraco de fechadura e' na verdade uma boca com dentes afiados e a casa e' rodeada por uma cerca de ossos com cranios em cima, exceto por alguns ossos sem cranios, esperando as cabecas dos protagonistas das historias. Nao ha portas e somente janelas. Baba Yaga sai e entra apenas pela chamine', voando em sua vassoura.


O personagem na verdade serve para ensinar criancas o valor dos bons modos, pois apenas as pessoas que se portam adequadamente e nao perguntam coisas desnecessarias sao poupadas pela velhinha. Serve tambem para assustar as criancas quanto a nao andarem para muito longe de casa (algo como a nossa Cuca do sitio do pica pau amarelo).


Enfim, a cerveja foi inspirada neste cenario de florestas, riachos, frio e fogueira. E' uma Stout brassada em Westport MA utilizando malte defumado em alecrim, centeio, aveia e trigo. O fermento foi um mix de cepas inglesas e belgas.


Coloracao negra e opaca porem ainda nao tao densa como algumas imperial stouts. Forma colarinho abundante de 2 dedos e cor marrom-clara. Persiste por muito tempo com otima retencao nas laterais do copo.

Aroma de malte escuro, pao, frutas escuras,toques de chocolate ao leite e um pouco de alcool. Todas essa notas sao, no entanto, bem suaves e a cerveja tem um aroma meio metalico pairando sobre o resto.

O sabor incial e' de malte escuro e frutas escuras (porem ate' menos que no aroma). Continua com algumas notas muito agradaveis de malte defumado e finaliza bem amarga, tambem com algumas notas de chocolate ao leite e talvez um pouco de baunilha.

O corpo e' bem light para uma stout e nao "enche" a boca. A carbonatacao e' alta o que prejudicou um pouco o mouthfeel, que poderia ser mais macio. Drinkability bom.

No geral uma american stout relativamente boa. Gostei da insercao do malte defumado. Provavelmente nao compraria de novo mas se me oferecessem eu tomaria facil.

Teor Alcoolico: 7.0%
Preco: US$ 7.99


Notas:

Aparencia: 9.0
Aroma: 7.0
Sabor: 7.0
Sensacao: 7.0
Conjunto: 8.0

Total: 7.6

domingo, 19 de junho de 2011

Mais da cervejaria mais maluca dos EUA - Pretty Things, parte 1 de 3 - Baby Tree


No ultimo feriado de Thanksgiving em novembro do ano passado, pedi para minha prima (que mora em Boston) mais algumas cervejas da Pretty things Beer and Ale project, cervejaria Gispsy encabecada pelo malucao Dann Paquette que faz suas receitas em "caldeiroes alugados".  Basta uma olhada no video abaixo pra se ter uma nocao da insanidade do Dann e companhia...


Ja tinha falado aqui da fantastica historia da Jack D'or, Saison flagship da cervejaria. Segue o link para aquele post, vale a pena ler se voce nao viu: http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/10/pretty-things-jack-dor.html

Enfim, minha prima  me trouxe 3 novas cervejas da Pretty Things. Elas estarao nos proximos 3 posts separadamente. A primeira, uma Quadrupel chamada Baby Tree.


Sua historia e' igualmente estranha a da Jack D'or. A cerveja, uma Quadrupel feita com levedura belga e adicao de ameixas secas, tem seu nome derivado de uma pequena arvore decorada com bonecas de plastico desfiguradas, que fica em uma fazenda nos remotos arredores de Yorkshire, na regiao de Sexhow. A fazenda e' de uma velhinha chamada Judy que promove, desde o inicio da decada de 80, um festiva de musica e real ale. So' nao da pra entender o que leva alguem a nomear uma cerveja em homenagem a algo tao creepy.  Mas de qualquer maneira, eu acho que a insanidade da Pretty Things ja ficou bem provada no video la em cima e na historia da Jack D'or. Aqui vai um video pra provar essa historia toda:


Bizarrices a parte, vamos a cerveja.



Coloracao marrom-escura com raias avermelhadas quando olhada contra a luz. Produz um colarinho cremoso de cor marrom-clara com otima persistencia e retencao.

O aroma e' um tanto quanto inesperado para uma quadrupel: noto apenas grao, malte escuro/caramelo, escassas frutas escuras e discretissimas notas de fermento. Pra mim uma quad deve ter aroma bem forte com muitas notas doces e principalemente aquele frutado de fermento, o que nao e' o caso dessa cerveja.

O sabor comeca legal com malte doce, pao torrado, caramelo e toffee. Tambem algumas notas de frutas escuras (ameixa, uva-passa, etc). Termina com sabor forte de lupulos amargos, herbais, terrosos e  "apimentados". Novamente a presenca do fermento e' fraquissima.

Mouthfeel e' normal, com carbonatacao media a alta. Corpo e' medio a alto.

No geral ela deixou a desejar. Nao e' uma cerveja ruim, mas na minha opiniao as quadrupels tem que ser bem mais doces e complexas do que ela. Faltou complexidade na cerveja e sobrou complexidade na sua historia rsrs. Alem disso, tinha lupulo demais e nao tem nada a ver com o estilo.

Teor Alcoolico: 9.0%
Preco: US$ 7.99 a garrafa de 600ml.


Notas:

Aparencia: 8/10
Aroma: 6/10
Sabor: 7/10
Sensacao: 7/10
Conjunto/estilo: 6/10

Total: 6.8

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Samuel Adams Noble Pils

Sazonal de primavera da Samuel Adams, a Noble Pils e', como o nome sugere, uma Bohemian Pilsener feita com lupulos ditos "nobres" provenientes da europa: Hallertau, Tettnang, Saaz, Spalt e Hersbrucker.
Produzida desde 2009 conta ainda com 4 tipos de malte inclusive o malte pilsen da Republica Tcheca, pais que originou o estilo.


Coloracao amarelo-dourada brilhante e cristalina, formando 1 dedo de colarinho branco como a neve, que a presenta otima persistencia durante todo o consumo, bem como uma bonita retencao nas laterais do copo.

O aroma e' de lupulos nobres, muito floral e aromatico. So' quem ja sentiu sabe do que eu estou falando mas digamos que e' uma mistura de limao, grama, pimenta e flor de laranjeira. Tambem sinto um pouco de aroma de pao e biscoito, em segundo plano.

O sabor comeca aromatico com os lupulos novamente dominando. Segue entao para notas maltadas doces de pao, biscoito e graos. O final e' moderadamente amargo com as notas apimentadas e florais ressurgindo.

Corpo mediano tendendo para o light, com carbonatacao media a alta. O mouthfeel ficou certinho, seco e agudo, como manda o figurino.

No geral eu gostei muito da cerveja. Muito bem feita e dentro do estilo: final seco, agudo e refrescante, com bastante enfase nos lupulos nobres, que vem a tona com otima complexidade principalmente no final do gole, bem como no aroma. Ainda fico com a Prima Pils da Victory, que na minha opiniao e' a melhor que ja tomei, mas essa aqui chega bem perto.

Teor Alcoolico: 4.9%
Preco: US$ 11.00 o six-pack.


Notas:


Aparencia: 8/10
Aroma: 8/10
Sabor: 8/10
Sensacao: 7.5/10
Conjunto/Estilo: 8.5/10 


Total: 8.0

domingo, 5 de junho de 2011

Lagunitas - Brown Shugga'

Mais uma cerveja de peso da excelente Lagunitas Brewing Company, de Petaluma California.



A Brown Shugga' e' uma American Strong Ale que na verdade veio de um erro cometido em 1997 com uma leva da Olde Gnarleywine Ale (que eu tomei la no Rattle n Hum em NY aqui neste post - http://cervejasamericanas.blogspot.com/2010/07/cervejas-americanas-e-canadenses-em-ny.html). Com o erro de fermentacao e para nao perder o mosto, o pessoal da Lagunitas resolveu adicionar um monte de Brown Sugar (dai o nome) para servir de novo substrato para o novo fermento. O resultado foi muito bom e acabou-se criando um classico que sai todo ano por volta de outubro. Uma cerveja sem muito estilo definido porque tem tambem uma quantidade imensa de lupulos do noroeste americano.



Coloracao cobre-avermelhada e cristalina brilhante, com colarinho beige de moderada persistencia e muita retencao nas laterais do copo. Se existe uma cor ideal pra uma cerveja, provavelmente e' essa. Linda.

Aroma inicial doce de caramelo, toffee e mel, tambem com acucar mascavo. Final bem floral e citrico, com limao, abacaxi e um toque apimentado. O malte, porem, sobrepuja o lupulo no nariz.

O sabor segue mais ou menos o aroma, comecando mais doce com caramelo e acucar queimado, logo transicionando para excelentes notas citricas e aromaticas de lupulo (frutas vermelhas, morango, cerejas e grapefruit). Um amagor agradavel aparece no final sendo seguido por algum dulcor residual do malte cristal, biscoito e acucar mascavo. Notas de alcool moderadas no aftertaste.

O corpo e a carbonatacao sao bem medianos e comedidos, sem prejudicar a avaliacao sensorial dessa cerveja. Mouthfeel um pouco grudento devido ao alto teor de malte e acucar, mas mesmo assim desce macia na garganta, escondendo bem o alcool.

Moral da Historia: Outra joia da Lagunitas que nao e' conhecida pela complexidade em suas cervejas e sim por um altissimo drinkability e otimo custo beneficio, assim como pelo uso indiscriminado de lupulos americanos. Essa nao e' diferente - uma puta cerveja deliciosa, porem bem pouco complexa, mas que fica brincando o tempo todo com o balanco entre o acucar e os excelentes lupulos utilizados. Uma session beer mais pesadinha, aquela cerveja que esta sempre entre as top 5 quando bate aquela indecisao no supermercado ou no bar.

Teor Alcoolico: 9.9%
IBUs: 51
Preco: US$ 4.00 no bar.


Notas:


Aparencia: 9/10
Aroma: 7.5/10
Sabor: 8/10
Sensacao: 7/10
Conjunto: 7/10


Total: 7.7